Entre riscos e rabiscos, optei pelo risco.
Talvez o maior deles: gostar de você!
Mas, há muito, desisti de comandar o coração,
que é sempre obstinado e persevera até o último suspiro!
Pior é que jamais perde,
pois dificilmente resisto às suas, ainda que débeis, chantagens!
Pois bem, comecei de mansinho,
avaliando cuidadosamente o terreno...
- já trilhei pântanos, desertos, geleiras -
não mais posso me dar ao luxo de pisar em falso,
tropeçar,
submergir,
perder-me.
Como se fora assim tão fácil calcular riscos e prever tramas
que o coração nos reserva!
E, tal como antecipara, apesar da excessiva prudência,
cá me vejo nas malhas irresistíveis, intrincadas, irresgatáveis
da paixão!
Valeu o risco?... Difícil dizer,
dado que o gozo se mescla de angústias e fragilidades!
Talvez o rabisco não fosse alternativa covarde nem conservadora,
se escolhida no início!...
Uma certeza porém, tenho:
não me traria ele tanta dúvida nem a inquietude,
quanto a em que ora me encontro!
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